Você já reparou nas siglas presentes em alguns rótulos de vinhos italianos? Indicações como DOC, DOCG, DOP e IGT não estão ali por acaso — na verdade, elas revelam muito sobre a produção e a região de origem do vinho. Pensando nisso, o expert em vinhos do Zona Sul, Cláudio Pinto, explica de maneira simples e acessível por que essas classificações são tão importantes. Ele também mostra como identificar excelentes rótulos italianos para que você possa descobrir o melhor que as regiões vinícolas da Itália têm a oferecer. Prepare-se para um delicioso tour pela Itália.

Aqui você vai ver:

A Itália como produtora de vinhos

A Itália é uma potência mundial na produção de vinhos — e isso não acontece por acaso. Com mais de 2.000 anos de história vitivinícola, esse país do Velho Mundo reúne uma infinidade de uvas nativas (conhecidas como autóctones), práticas de cultivo únicas e processos de produção variados.

Além de toda essa bagagem histórica, vale mencionar os mais de 800 mil hectares de vinhedos distribuídos por todas as regiões, como Toscana, Piemonte, Sicília, Puglia, Vêneto, Lombardia, Campânia, entre outras. Cada terroir apresenta um clima único, solo característico e uma expressão autêntica.

Além das regiões renomadas pela produção de vinhos, há localidades que se destacam pela ligação com receitas e ingredientes específicos. Um exemplo emblemático é o da pizza napolitana, cujo modo tradicional de preparo — cuidadosamente preservado pelos pizzaiolos — foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

O significado das siglas

Diante de tanta diversidade, como garantir a qualidade e a confiança de quem consome os vinhos italianos? É aí que entram as Indicações Geográficas: sistemas oficiais que certificam a procedência, o método de produção e o estilo do vinho.

Pensando nisso, o governo italiano, alinhado aos padrões da União Europeia, implementou classificações como IGT, DOC e DOCG. Essas siglas definem os níveis de qualidade e a ligação direta com o território de origem, criando uma rede sólida de controle que valoriza os produtores locais e as regiões vinícolas, garantindo uma experiência autêntica a quem aprecia um bom vinho.

Termos como DOP, DOC, DOCG e IGT não são apenas siglas: representam diferentes níveis de controle e prestígio, assegurando ao consumidor que aquele queijo, vinho ou azeite carrega consigo cultura, técnica e território.

Conheça cada uma dessas categorias e entenda como elas preservam o legado gastronômico.

IGT (Indicazione Geografica Tipica) e IGP

A categoria IGT — Indicação Geográfica Típica — representa uma classificação mais flexível dentro do sistema de vinhos italianos, permitindo maior liberdade criativa aos produtores. Embora não exija o cumprimento rigoroso das normas DOC ou DOCG, o IGT ainda garante que o vinho mantenha a ligação com sua região de origem.

Essa liberdade favorece a inovação e a produção de novos rótulos como os “Super Toscanos”, que conquistaram reconhecimento no mundo todo ao explorar novas combinações no contexto regional.

Há também a IGP (Indicazione Geografica Protetta) é uma certificação europeia usada não somente para vinhos, mas para diversos produtos alimentares, e garante que ao menos uma etapa da produção (como transformação ou elaboração) ocorra na região indicada.

Entre os vinhos IGT e IGP que você encontra no Zona Sul, estão rótulos como o Bocelli Toscana IGT, um blend tinto da região de Toscana feito de Sangiovese, Merlot, Syrah e Cabernet Sauvignon. Harmoniza com pratos tradicionais da Toscana: carnes vermelhas grelhadas suculentas, frios e queijos curados como o Pecorino.

Outra opção é o Piu Rosso IGP, produzido na região de Puglia com as uvas Malvasia Nera, Negroamaro e Sangiovese. Vinho fácil de beber e acompanha muito bem carnes magras, pizzas, massas com molho vermelho e queijos meia cura.

Acompanhe o pizzaiolo Stefano Angelone no preparo de um legítimo spaghetti italiano com tomate pelado Due.

DOC (Denominazione di Origine Controllata) e DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita)

DOC – Denominação de Origem Controlada, é a classificação para vinhos produzidos em áreas delimitadas, com regras rígidas sobre tipo de uva, rendimento por hectare, técnicas de vinificação e envelhecimento.

Já a Denominação de Origem Controlada e Garantida — representa o nível mais elevado da pirâmide de qualidade dos vinhos italianos. Essa classificação incorpora as exigências da categoria DOC, submetendo ainda os vinhos a rigorosos exames químicos e provas de degustação feitas por comissões especializadas antes que possam ser vendidos.

Experimente vinhos DOC e DOCG que você encontra no Zona Sul como o toscano Morellino Di Scansano DOCG, que vai bem com carnes como bife de chorizo, costela de cordeiro ou picanha, massas com molhos de carne e clássicos italianos como bistecca alla fiorentina ou cacciucco (sopa de frutos-do-mar com tomate e vinho tinto).

Convide alguém para apreciar com você o tinto Borgo Del Mandorlo Primitivo Di Manduria DOC, produzido na região de Puglia, ideal para carnes assadas, grelhadas, pratos de caça e queijos maduros.

Que tal preparar um Girasolini Straciadoro para combinar com seus vinhos italianos?

Receita de Girasolini Straciadoro por Zona Sul.

DOP (Denominação de Origem Protegida)

DOP ( Denominação de Origem Protegida) se refere a produtos em geral, e não somente vinhos, cuja produção, transformação e elaboração ocorrem em uma área geográfica específica, como o Parmigiano Reggiano DOP, além de azeites, frios, entre outros.

O selo DOP atesta que o produto foi todo elaborado, processado e produzido em determinada área, segundo critérios tradicionais definidos por regulamentação europeia e nacional. Um produto DOP está 100% vinculado ao seu local de origem.

Embora menos comum em rótulos de vinho italiano — que costumam obter os selos DOC e DOCG —, DOP serve de referência em regiões que valorizam o vínculo total com o território e processos sustentáveis.

Nomenclaturas em outros lugares do mundo

Não são apenas os vinhos italianos que possuem regras de nomenclatura e controle de produção. Na França, o sistema de classificação de vinhos é baseado nas siglas AOC (Appellation d’Origine Contrôlée) e AOP (Appellation d’Origine Protégée), que funcionam com regras rigorosas semelhantes às do DOCG italiano, garantindo que vinhos como um AOC Bordeaux sigam padrões específicos de produção e origem.

Em Portugal, as denominações seguem lógica parecida, com o uso da sigla DOC (Denominação de Origem Controlada) para regiões como Douro, Dão e Alentejo. O país também utiliza o selo de Vinho Regional (VR), que oferece maior flexibilidade e se assemelha à categoria IGT italiana, permitindo liberdade criativa sem perder a qualidade.

Outros lugares do mundo também possuem suas especificações, como os queijos artesanais de Minas Gerais com Indicação Geográfica (IG). Atualmente, três regiões mineiras possuem esse reconhecimento oficial pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI): Serro, Canastra e Cerrado.

No universo dos espumantes, a nomenclatura também muda conforme a proteção geográfica: a Itália tem o Prosecco, a França tem Champagne, e a Espanha, Cava, com seus métodos específicos de fermentação e uvas específicas.

Para saber mais sobre siglas e termos ligados às bebidas, conheça o glossário dos vinhos.

Vinhos de inverno Zona Sul

Por fim, agora que você já conhece tudo sobre as indicações geográficas dos vinhos italianos — da IGT à DOCG, incluindo curiosidades sobre outras nomenclaturas internacionais — baixe o Catálogo de Vinhos de Inverno Zona Sul e conheça rótulos selecionados para harmonizar com os dias mais frios. São bebidas e receitas perfeitas para aquecer o dia a dia carioca de coração com sabor de afeto.

Catálogo de Vinhos de Inverno Zona Sul.