Se você é um apaixonado por vinhos, provavelmente tem suas uvas preferidas. Muita gente ama os taninos acentuados de um Cabernet Sauvignon, enquanto outros preferem um aromático Pinot Noir. Mas os vinhos de qualidade não são exclusivamente fabricados com um único tipo de uva e a escolha por um blend pode ser um incrível diferencial para sua degustação. Aprenda mais sobre a arte do blend e saiba como escolher o seu vinho de corte.
Aqui você vai ver:
Os vinhos varietais
Antes de conhecer o que são blends, é importante saber o que é exatamente o oposto: os vinhos monovarietais, e aqueles chamados de varietais.
Um vinho varietal refere-se àquele elaborado com um único tipo de uva. Entretanto, de acordo com a legislação de cada país, essa nomenclatura pode ter algumas exceções.
No Brasil e no Chile, por exemplo, para um vinho ser chamado de varietal precisa ser pelo menos 75% elaborado com uma única variedade de uva. Os outros 25% são opcionais ao enólogo, caso ele julgue necessário haver alguma mistura com outra uva. Em outros países como Argentina ou África do Sul, o percentual muda para 85%.
Em regiões de indicação geográfica como em Borgonha, na França, o controle é mais rígido. Ou seja, você encontrará vinhos brancos 100% Chardonnay ou tintos 100% Pinot Noir.
Para deixar claro que um vinho foi produzido somente com uma casta, o rótulo pode informar que se trata de um vinho monovarietal.
Blends famosos
Para produzir um bom vinho, um enólogo precisa conhecer as características das diferentes castas e, além disso, saber mesclá-las nas nuances ideais para um resultado que realce a experiência sensorial proporcionada pela bebida. Essa mistura de cepas é conhecida como blend, vinhos de corte ou ainda assemblage em francês.
Como um “alquimista”, o enólogo consegue criar um produto final que realça as melhores características das uvas no vinho.
Enquanto na produção de um vinho varietal o resultado seja mais previsível, pois utiliza-se somente um tipo de uva, no blend, para o resultado final dar certo depende exclusivamente de um bom enólogo. Porém, de forma distinta do que muitos possam pensar, a escolha das cepas não tem nada de aleatória, pois o profissional precisa conhecer o ponto ideal do equilíbrio na mistura de uvas com características marcantes.
Nem só de tipos diferentes de uvas é feito um vinho de corte. Um enólogo pode escolher um só tipo de uva, mas de origens distintas, mesclando terroirs, vinhedos de origem e fases de colheita a fim de obter aprimoramento.
A técnica de produzir vinhos a partir de misturas é ancestral e alguns blends são famosos e admirados no mundo todo. Conheça alguns cortes famosos e suas características.
Um vinho que não é varietal é um blend, conhecido também como corte ou assemblage.
Corte bordalês, o mais copiado do mundo
Um famoso assemblage com uvas francesas tintas é o blend de Bordeaux, que costuma misturar Cabernet Sauvignon (a rainha das tintas), Merlot, Petit Verdot, Cabernet Franc, Malbec e Carmenère em diferentes porcentagens. Entretanto, quando falamos desse blend regional, conhecido também como corte bordalês, estamos falando basicamente de Merlot, Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon.
O corte bordalês é um dos mais admirados e reproduzidos no mundo.
A mistura costuma ser muito utilizada pelos enólogos, que afirmam que o resultado final acaba sendo melhor do que a soma das partes, pois a Cabernet Sauvignon representa a estrutura e a Merlot suavidade. Outras cepas citadas acima também entram na soma, cada uma agregando valores diferentes à mistura, de acordo com o objetivo de cada enólogo.
Vale ressaltar que um dos cultivares do corte bordalês, a Cabernet Sauvignon, é uma das uvas mais versáteis da vitivinicultura, sendo muito utilizada em diferentes assemblages, com destaque para vinhos chilenos e brasileiros.
Blend de Provence, a terra dos rosés
A região de Provence na França é mundialmente conhecida pela produção de vinhos rosés. Mas os blends não são somente utilizados para a produção de rosés, mas igualmente para tintos e brancos.
Entre os tintos, o tradicional blend de Provence é composto pelas cepas Cinsault, Grenache e Syrah, incluindo por vezes a variedade Rolle, conhecida também como Vermentino.
Supertoscanos, os rebeldes italianos
Os vinhos caracterizados como supertoscanos nasceram como uma subversão às regras dos vinhos de origem controlada da região da Toscana, na Itália. Os vinhos de indicação geográfica seguem rígidas regras locais e para isso é necessário que as uvas usadas em sua produção sejam da mesma região, tal como todo o processo de vinificação.
Já os supertoscanos são os vinhos que apesar de elaborados na Toscana, podem ou não conter uvas autóctones da região e é comum haver o blend com uvas francesas como Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon.
Entretanto, não confunda: a categoria dos supertoscanos não engloba todos os assemblages italianos. Existem cortes feitos em outras regiões da Itália, que recebem ou não a identificação geográfica como DOC, DOCG, IGP (ou IGT).
Vinhos portugueses e a arte do blend
Você já teve a experiência de degustar vinhos portugueses? Se sim, provavelmente você já se deparou com nomes de uvas que não são comuns em bebidas fabricadas em outros países.
Isso se explica pelo fato de Portugal estar entre os países com maior diversidade de uvas autóctones vitis viníferas, ou seja, castas próprias destinadas à produção de vinhos. São mais de 280 tipos de uvas, entre elas Touriga, Alvarinho, Aragonez, Arinto, Trincadeira, Encruzado, Fernão Pires entre outras.
A grande variedade de cepas nacionais faz com que os blends sejam muito explorados, resultando em bebidas únicas e diferenciadas.
Um clássico exemplo de blend português é o vinho do Porto, que mistura diferentes uvas a fim de alcançar o perfeito equilíbrio de texturas, aromas e sabores. Não há vinho do Porto que seja monovarietal e os blenders são os responsáveis por passarem a “fórmula secreta” de geração em geração.
Baixe o catálogo de vinhos de outono
Para você provar vinhos de corte e varietais de qualidade, que combinam com a agradável estação do outono, o Expert Dionísio Chaves fez uma seleção de rótulos de diferentes nacionalidades que você pode conhecer no catálogo de vinhos de outono Zona Sul.
Entre eles você encontra diversos blends brancos, tintos e rosés, para combinar com todos os seus momentos.