O Brasil é um país extremamente rico em cultura. E a cultura gastronômica faz parte desse incrível leque de diversidade que só o nosso país tem. São sabores, temperos e ingredientes que dão origem a pratos variados e deliciosos. Um exemplo de uma iguaria bem brasileira é o queijo.

O Estado de Minas leva a fama, mas outros queijos artesanais também são produzidos no Brasil. Confira alguns desses sabores bem explicados pelo Expert em queijos André Guedes, e aprenda a harmonizá-los com vinhos indicados pelo Expert Dionísio Chaves.

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Minas Gerais

Em primeiro lugar, é bom dizer que a tradição mineira em produzir queijos vem desde o Brasil Colônia. Na última década, Minas Gerais, em parceria com diversos órgãos, delimitou geograficamente quatro regiões do interior do estado com base nos parâmetros: altitude, pastagens, clima e principalmente cultura e tradição, conseguindo identificar com clareza a individualidade dos queijos nestas áreas. Assim, se formalizou o batismo dos queijos do Serro, Araxá, Serra do Salitre e Canastra.

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Infográfico queijos mineiros. Por Zona Sul.

Na França, por exemplo, é muito comum a caracterização dos alimentos baseada no Terroir que resume as peculiaridades de uma região, principalmente quando se trata de queijos e vinhos. Aproveite para conhecer alguns termos do mundo dos vinhos.

“Considero um grande avanço o reconhecimento destes queijos, que coloca o Brasil no caminho de uma tendência de valorização dos produtos genuínos, o que já é uma realidade consolidada no primeiro mundo.” André Guedes, Expert em Queijos e Frios.

Todavia, existem outros queijos produzidos em Minas, como os tradicionais Meia Cura e Calambau, que igualmente fazem sucesso nas receitas pelo Brasil e pelo mundo.

Características dos queijos artesanais mineiros

A produção dos queijos mineiros é fiscalizada pelo SISBI (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal), que garante um período mínimo de 21 dias de maturação. É válido também lembrar que a produção dos queijos de Minas aos poucos está sendo unificada com o Selo Arte. Confira a seguir algumas características dos queijos artesanais mineiros.

Araxá

O queijo Araxá é macio quando jovem, mas com o passar do tempo, “cura” e fica duro. Destina-se a aplicações culinárias como o pão de queijo, ralado sobre saladas, legumes ou mesmo gratinados. 

O Expert em vinhos Dionísio Chaves dá a dica: o queijo Araxá combina bem com vinhos de estrutura boa e com taninos finos e boa acidez. Por isso, o indicado é o vinho Santa Cristina La Fattoria Maestrelle da Toscana. Ele tem todas as características para essa bela harmonização.

Serra do Salitre

O queijo Serra do Salitre é mais úmido e tenro, com sabor mais suave. Combina muito bem com doces em compotas ou mesmo para acompanhar um cafezinho de uma visita, típico da hospitalidade mineira.

Perfeito para harmonizar com vinhos de estrutura e com final de boca ligeiramente picante. Segundo o Expert Dionísio Chaves, o tinto chileno Viu 8, com suas características únicas, faz, sem dúvidas, um belo casamento com esse queijo.

Queijo Serro

O queijo Serro já é mais picante e tem a textura quebradiça. Pode ser degustado cortado em escamas e até mesmo com mel. Uma delícia! 

A intensidade, persistência e estrutura do vinho são fundamentais para combinar com esse queijo. O Altura, um dos melhores vinhos do Chile produzido pela Viña Casa Silva, tem todas as características para fazer esse par perfeito. Dica de Expert.

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O vinho Altura faz parte da seleção de vinhos Casa Silva, selecionados para o outono de 2021 pelo Zona Sul.

Canastra

O queijo que ganhou mais fama desta lista é o Canastra.

No início do século XIX, a região da Serra da Canastra, por influência portuguesa, começou a produzir um queijo muito peculiar, que utiliza uma flora lática natural para a fermentação e desenvolvimento de sabor e aroma. Essas características são marcantes e delimitadas a uma área geográfica que compreende sete municípios mineiros. Uma região belíssima que guarda, entre outros tesouros, a nascente do Rio São Francisco.

Queijo premiado mundialmente

Recentemente, o queijo “Instância Capim Canastra”, de São Roque de Minas, conquistou o segundo lugar em um dos principais concursos de queijos do mundo, realizado na França, o Mondial du Fromage de Tours. O produto foi o primeiro brasileiro a conquistar medalha no torneio.

O queijo Canastra, quando ralado, é perfeito para o pão de queijo.

O queijo Canastra pode ser consumido ao natural como aperitivo, acompanhado com Cerveja Pilsen, e quando ralado, é perfeito para o pão de queijo! Mas não deixe de apreciá-lo com doces em compotas.

O Expert em vinhos Dionísio Chaves indica o vinho chileno Casa Silva Single Block S38 para harmonizar com o queijo Canastra. Com boa acidez, taninos poderosos, final sedoso e com grande persistência, esse vinho vai muito bem sobretudo com queijos curados. Além disso, combina com carne vermelha bem marmorizada, carnes de caça, assados e massas com molho picante.

Meia cura e Calambau

Os queijos Meia Cura e Calambau estão fora da classificação por região, mas são igualmente mineiros.

Os queijos Meia Cura possuem pelo menos 15 dias de maturação ou cura. Nesse intervalo, a família dos queijos Meia Cura consegue intensificar sabor e aroma sem perder o sabor da fermentação lática inicial.

Calambau é um queijo que remonta uma história dos tropeiros de Minas do século XIX que, acidentalmente, tiveram cachaça misturada ao queijo no transporte dentro das bolsas de couro fixadas aos arreios. Além da cura na cachaça, acrescenta-se urucum, corante natural que dá um toque especial no visual do produto.

Denominação de Origem Protegida

Em linhas gerais, os queijos de Minas foram os primeiros a conseguir a IG, Indicação Geográfica de origem, passo muito importante e marco para o início de um processo mais completo de proteção dos queijos. Os famosos queijos Roquefort e Serra da Estrela, por exemplo, têm Denominação de Origem Protegida (DOP). Assim, passaram a ter efetivamente sua tradição e receitas preservadas. 

Em linhas gerais, os queijos de Minas foram os primeiros a conseguir a IG, Indicação Geográfica de origem, passo muito importante e marco para o início de um processo mais completo de proteção dos queijos.

O Seña, um dos vinhos mais premiados do Chile, tem bom corpo, taninos finos, boa intensidade e persistência para fazer uma harmonização perfeita com os queijos Meia cura e Calambau.

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Vinho Seña vai bem com queijos meia cura e curados. Foto: Rodrigo Azevedo / Zona Sul.

Pará: queijo de búfala do Marajó

A Ilha do Marajó, localizada no Pará, é a maior Ilha fluvial oceânica do mundo, banhada pelo Rio Amazonas e o Atlântico ao mesmo tempo. Fabricar o queijo marajoara é uma tradição secular, forma genuína de conservar o leite das búfalas, símbolo da Ilha.

O queijo é produzido através da fermentação natural do leite seguida da retirada do soro e derretimento e cozimento da massa.

Ideal para consumir como aperitivo, com castanhas. Perfeito também para receitas culinárias doces ou salgadas que exijam um queijo que derreta bem.

A dica do Expert André Guedes é o Queijo do Marajó Fazenda São Victor, produzido 100% com leite de búfala, modo de produção considerado único no mundo. Por isso, é um queijo com IG (indicação geográfica) reconhecida. É o primeiro queijo de búfala com Selo Arte do Brasil, premiado e reconhecido em concursos regionais, nacionais e até internacionais.

Segundo o Expert Dionísio Chaves, o vinho perfeito para combinar com o queijo Marajoara é o vinho branco francês Nic Rager Chardonnay, que faz parte dos rótulos Vin De France. Conheça mais sobre a denominação Vin De France aqui.

Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro também produz queijos de altíssima qualidade. Entre eles estão o meia cura Macabuzinho e queijo curado Fazenda Boa Fé. Mas você sabe a diferença entre queijo meia cura e curado?

Diferença entre Meia Cura e Curado

Curar quer dizer cuidar! Queijo curado é o queijo que, após a obtenção da massa fresca, ainda requer maturação ou cura por um período geralmente superior a 30 dias para desenvolver e apurar suas características de sabor, aroma, cor, casca e textura. Quando esse período é mais curto (15 dias), são chamados de meia cura e geralmente têm características sensoriais menos intensas.

Do Rio de Janeiro, especificamente da região Centro-Norte do estado, garimpamos dois queijos com características bem peculiares. O queijo Curado Boa Fé possui sabor e aroma marcantes pela cura, porém muito agradáveis, sendo que a qualidade do leite é determinante para essas características.

Já o Meia Cura Macabuzinho tem a massa semicozida que, aliada ao formato de bordas arrendondadas, permite uma perfeita secagem e formação de casca. O sabor é lácteo e o aroma lembra queijo de fazenda.  

Vai bem com Vin De France

Quer harmonizar os queijos do Rio de Janeiro com o vinho perfeito? O Expert em vinhos Dionísio Chaves indica o tinto La Belle Angele Cabernet Sauvignon. Além de harmonizar muito bem com meia cura e curado, esse vinho também vai bem com queijos tipo Brie, Camembert, Reblochon, Taleggio e Gruyère. Ou seja, um vinho extremamente versátil.

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