No universo cervejeiro, conhecer é diferente de seguir modismos. Entender a fundo as propriedades de uma cerveja dá ao consumidor a liberdade de escolher a bebida adequada ao clima ideal, combinando com os pratos adequados. Para fornecer ao admirador de cervejas a maior quantidade possível de informações técnicas, existem as siglas como ABV, IBU, EBC, entre outras. Se você ainda não conhece esses termos, fique por dentro com o Expert em Cervejas José Padilha.

Aqui você vai ver:

O mestre-cervejeiro e o sommelier

Em primeiro lugar, é importante saber quem dá “nomes aos bois”, elaborando as cervejas, como faz um enólogo no mundo dos vinhos. Esse profissional é o mestre-cervejeiro, responsável técnico pela produção. É ele quem assina embaixo na receita de uma bebida perfeita para a fabricação.

Já o sommelier, como o Expert Zona Sul José Padilha, por exemplo, é um curador. O sommelier pode elaborar cartas de cerveja em restaurantes e bares, promover degustações e harmonizações, selecionar rótulos e informações técnicas e auxiliar na criação de novos produtos, atuando como parte do time criativo em cervejarias.

De forma geral, enquanto o mestre-cervejeiro pensa na alquimia de uma nova criação, o sommelier traduz todo o potencial da bebida elaborada para os consumidores de forma técnica e didática.

Os tipos de cervejas

Se você é um admirador de cervejas, provavelmente já conhece alguns estilos de cervejas. Além da popular Pilsen, muitos outros tipos de cerveja, incluindo seus estilos e sub-estilos existem no mundo e somam, “por baixo”, cerca de 200.

As duas principais famílias que dão origem aos seus “descendentes” são as cervejas ALE e Lager, de alta e baixa fermentação, respectivamente. Há ainda as Lambic, produzidas através de fermentação espontânea, que geram resultados bem diferentões dos encontrados nas prateleiras dos mercados, bares e restaurantes.

Entre os países que estabeleceram as principais escolas cervejeiras, criadoras de estilos que revolucionaram o mundo, estão a Alemanha, a Áustria, a Bélgica, o Reino Unido, a França e os Estados Unidos.

A Baviera está para as cervejas como Bruxelas está para os chocolates.

Foi na Alemanha, por sinal, que foi criada a lei da pureza (Reinheitsgebot), considerada um dos mais antigos decretos alimentares de todo o mundo, promulgada pelo duque Guilherme IV da Baviera em 23 de abril de 1516. Ela declara que a cerveja deve ser fabricada apenas utilizando água, malte de cevada e lúpulo.

O Estado da Baviera, na Alemanha, é conhecido como o templo das cervejarias, onde nasceu a técnica Lager. Ou seja, se hoje você bebe uma cerveja Lager ou Pilsen isso só é possível graças às técnicas bávaras de fermentação e maturação.

Quer saber como pronunciar corretamente os nomes das cervejas? Ouça o podcast no Spotify!

As siglas nos rótulos

Apesar da grande variedade de estilos, as características de uma cerveja não se resumem somente a essa informação, e algumas nomenclaturas podem ajudar o consumidor a se decidir na hora da compra. Entre as mais famosas para facilitar o entendimento dos fãs da bebida estão a IBU, ABV e EBC.

IBU

É a escala que mede o amargor da cerveja. É a sigla para a expressão em inglês International Bitterness Unit ou em português, unidade internacional de amargor.

O principal fator que define o amargor de uma cerveja é a dosagem de lúpulo, mas outros fatores também podem influenciar e são definidos no momento da brassagem da cerveja.

Uma cerveja com bastante presença de lúpulo é chamada de lupulada.

A escala de IBU vai de 0 a 100. Cervejas com IBU entre 10 e 15 não são amargas, enquanto a partir de 40 IBU já podem ser consideradas “fortes” e com destacado amargor. Acima de 60 IBU serão bastante lupuladas.

As cervejas consideradas “fáceis de beber”, ou com alta drinkability, geralmente são aquelas com baixo IBU, como as cervejas de trigo (Witbier), ou ainda as do tipo Pilsen, Summer Ale ou Catharina Sour.

Já no time das lupuladas, a cerveja brasileira artesanal Roleta Russa é um belo exemplar do estilo American IPA, com o lúpulo em destaque (IBU 58), aroma e sabor extremamente frutados, que remetem a maracujá, abacaxi, laranja, pêssego e manga. Já foi Medalha de Ouro no Concurso Brasileiro da Cerveja.

Cervejas IPA, em geral, possuem IBU acima de 40.

ABV

ABV é a sigla para Alcohol by Volume, ou seja, o teor alcoólico da cerveja. Uma cerveja só terá um ABV de 0% se ela for uma cerveja zero álcool mas, no mundo das bebidas alcoólicas, as cervejas geralmente apresentam entre 2% e 7% de teor alcoólico, podendo ser classificadas como:

  • De 0,5% a 2% ABV: baixo teor alcoólico;
  • De 2% a 4,5% ABV:  médio teor alcoólico;
  • Acima de 4,5% ABV: alto teor alcoólico.

As cervejas de alto teor alcoólico são ótimas para os dias mais frios, pois aquecem mais. Basta observar que em lugares bem gelados, como na Sibéria, bebidas destiladas, com alto teor alcoólico, fazem o maior sucesso! Por isso, as cervejas consideradas de inverno geralmente são as mais alcoólicas e maltadas.

O malte, quando é mais torrado, resulta em maior aquecimento alcoólico, e a cerveja, geralmente, fica mais escura. Esse processo, aliás, traz notas diferentes à bebida, como café e chocolate amargo.

Um exemplo de cerveja bem alcoólica é a 1906 Red Vintage, da cervejaria espanhola Estrella Galicia. Com ABV de 8%, do estilo Helles Doppelbock, ela vai bem com avestruz, fondue de queijo, paella, presunto cru, carne assada e batatas gratinadas.

“Intensa e equilibrada, com destacado aroma de malte torrado, notas de caramelo, corpo médio e espuma cremosa. Apesar de extrema, é muito agradável de beber em qualquer ocasião.”

Expert José Padilha

No calor, portanto, aposte em cervejas com menos teor alcoólico e menor torrefação: leves, claras e refrescantes. Entre as mais moderadas estão as Session IPA, a versão mais suave da American IPA, mais leves e refrescantes mas com o amargor do lúpulo bem presente, característica das IPA em geral.

EBC

EBC é a sigla para European Brewery Convention, que em português significa Convenção Europeia de Produção de Cerveja. No Brasil, essa é a escala adotada para a medir a coloração da bebida. Já outros países podem adotar o SRM (Standard Reference Method), que significa Método de Referência Padrão, que possui outra codificação.

A escala EBC varia de 0 a 100, sendo 0 a transparência (água) e na “casa dos 80” uma coloração bem escura, como as cervejas Stout. Para evitar a confusão, portanto, alguns especialistas preferem utilizar a nomenclatura da cor em vez da numeração adotada nas escalas. Por exemplo, cervejas claras de coloração “palha” são famosas Pale Ale. Pale, em inglês, significa “pálido”.

Cores das cervejas. Infográfico por Zona Sul.

O principal ingrediente que define a cor da cerveja é o malte e sua torrefação. Quanto mais torrado o malte, mais escura a cerveja.

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