Para quem é cervejeiro de longa data ou está querendo começar a beber cerveja, a verdade é que o vasto mundo das bebidas sempre oferece novidades. Venha conhecer mais sobre a história da bebida e alguns estilos mais queridos de cerveja artesanal e aproveite para aprender sobre harmonizações com o Expert José Padilha.

Aqui você vai ver:

Uma rápida história da cerveja

A história da cerveja acompanha a humanidade há muito mais tempo do que você imagina.

A cerveja que a maioria das pessoas conhece popularmente, a Pilsen, tem como berço principalmente a Escola Alemã. Há registros, entretanto, que mostram que a origem da cerveja está no Crescente Fértil, região entre os Rios Tigres e Eufrates, onde habitavam os povos fenícios e sumérios, há cerca de 14 mil anos.

Munique, cidade alemã de grande importância cervejeira, onde acontece anualmente a Oktoberfest.

Apesar de ser uma bebida fermentada e denominada como cerveja, o sabor do líquido milenar certamente muito se distanciava das receitas que tornaram-se a base do que consumimos hoje e que são oriundas das tradições alemãs, principalmente, e sua Lei da Pureza.

A Lei da Pureza alemã

A lei da pureza (Reinheitsgebot), considerada um dos mais antigos decretos alimentares de todo o mundo, foi promulgada pelo duque Guilherme IV da Baviera em 23 de abril de 1516. Ela declara que a cerveja deve ser fabricada apenas utilizando água, malte de cevada e lúpulo.

Na época, a levedura ainda não era conhecida, mas depois passou a ser aceita pela lei, de acordo com certos parâmetros, assim como o malte de outros cereais. O que estivesse “fora da lei” era considerado adjunto (nem todo adjunto é ruim: ele pode ser um tempero ou um cereal utilizado para criar novos sabores e texturas).

A Reinheitsgebot é a lei da pureza alemã que determinou os 3 ingredientes essenciais na fabricação da bebida.

E por que é tão importante conhecer a influência alemã da produção de cerveja? Além de outros fatores, claro, há de se considerar que no Estado da Baviera, conhecido como o templo das cervejarias, por exemplo, nasceu a técnica Lager. Ou seja, se hoje você bebe uma cerveja Lager ou Pilsen isso só é possível graças às técnicas bávaras de fermentação e maturação.

A Baviera está para as cervejas como Bruxelas está para os chocolates.

Expert em cervejas José Padilha

A Era das Trevas da cerveja artesanal

Nem tudo são flores na história da cerveja e muitos estilos sofreram embargos, assim como outras bebidas, como o gin, considerado a bebida da loucura na Inglaterra, no século XVIII, e a cachaça que sofreu embargo da Coroa Portuguesa no século XVII.

No século XX, a cerveja sofreu com a Lei Seca nos EUA. Com a proibição da produção e consumo de bebidas alcoólicas, as pequenas e médias fabricantes de cervejas fecharam.

Com o fim da Lei Seca, em 1933, somente as grandes indústrias conseguiram se reerguer rapidamente, “engolindo” as pequenas e produzindo cervejas mais populares e baratas, mais fáceis de agradar a todos. Sendo assim, alguns cidadãos americanos passaram a juventude toda sem conhecer a variedade de sabores e estilos que a cerveja pode proporcionar.

Os diferentes estilos fabricados pelas cervejarias artesanais só voltaram a ganhar relevância nos EUA após a Segunda Guerra Mundial.

Felizmente, após a Segunda Guerra, os jovens soldados que não conheciam esta diversidade de sabores e estilos tiveram contato com o mundo cervejeiro na Europa, e trouxeram o conhecimento para as Américas. E assim se deu o Renascimento da cerveja artesanal, que culminou no final da década de 70 com a permissão da fabricação artesanal de cervejas caseiras pelo governo americano.

O boom no Brasil se deu a partir dos anos 90. Atualmente, portanto, as cervejarias artesanais crescem em número e em notoriedade a cada ano e novos estilos como o brasileiríssimo Catharina Sour estão conquistando o coração dos cervejeiros pelo mundo.

Categorias mais famosas de cervejas artesanais

Para você conhecer mais sobre os 5 grupos mais populares do mundo das cervejas artesanais, o Expert José Padilha traz sugestões de rótulos e harmonizações para você poder vivenciar uma experiência sensorial completa. Confira:

Cervejas escuras

Feitas com maltes tostados e/ou torrados, variam em corpo, amargor e teor alcoólico, podendo ser Lager ou Ale. As Stout e Bock são estilos de cerveja escura bem conhecidos e geralmente são mais alcoólicos e encorpados, considerados “cervejas de inverno” e harmonizam bem com sobremesas e chocolates, carnes mais gordurosas e queijos mais untuosos.

Schornstein Stout e chocolate brasileiro Nugali por José Padilha.

Lembrando que Malzebier não é considerado um estilo de cerveja e nada mais é do que uma Pilsen com adição de xarope de caramelo.

Entre os rótulos indicados, estão a Therezópolis Rubine Bock, as brasileiras St Patrick’s Stout e Schornstein Bock e Stout.

“A Therezópolis Rubine Bock vai muito bem com um hambúrguer de costela.”

Expert José Padilha

Light Lagers: claras e refrescantes

As cervejas light Lager são de baixa fermentação, em geral claras e leves, fáceis de beber e muito refrescantes. Harmonizam geralmente com pratos mais leves, como saladas, pratos com bacalhau, peixes e frutos do mar. Você pode aprender a preparar receitas fáceis e perfeitas para dias quentes baixando nosso e-book.

“Queijos mais suaves como o queijo de cabra button ou queijos com olhaduras combinam bem com cervejas Lager.”

Expert em queijos e frios André Guedes

No quesito Lager, o Brasil apresenta diversos rótulos de qualidade, como a Mohave Coyote, Noi Bionda Oro, St Patricks Hoppy Lager, Therezópolis Gold, Three Monkeys Hoopy Lager, Antuérpia Premium Lager e Trela, Hocus Pocus Alma e Pandora.

 “A Hocus Pocus ALMA, por exemplo, é uma lager com aveia em sua composição, criando uma sensação maior de corpo na boca, o que a aproxima de um chope recém-tirado.”

Expert José Padilha

IPA (India Pale Ale)

IPA é a sigla de India Pale Ale, um estilo de cerveja com mais lúpulo, que dá mais amargor à bebida e maior teor alcoólico. Geralmente, harmoniza bem com pratos mais condimentados, como uma boa comida mexicana, sobremesas mais cítricas ou uma pizza de calabresa da pizzaria Zona Sul.

mes da cerveja

Você sabia que existe um dia para comemorar o estilo IPA? Clique e saiba mais sobre o IPA Day.

O estilo IPA se originou na Inglaterra há quase 200 anos. Tudo começou quando as Pale Ale inglesas estragavam a caminho da Índia e os ingleses tiveram a brilhante ideia de colocar mais lúpulo na cerveja por ser um ótimo conservante natural.

Após a Lei Seca nos EUA, foi criado o estilo American IPA, em 1975, que passou a se tornar referência mundial devido ao seu toque cítrico. A partir daí, não pararam de surgir novas versões como a Session IPA, Imperial IPA (ou Double IPA), Belgian IPA, White IPA, entre outras.

Aperte o play e conheça mais sobre o estilo que dominou o mundo!

Você encontra diversos rótulos desse estilo no Zona Sul, como a Lagunitas, Goose Midway, Noi Amara, Bodebrown Cacau IPA, Baden Baden IPA, Antuérpia IPA, Old School 4:20 entre outras.

Cervejas especiais

Classificar uma cerveja como “especialidade” é considerar que são cervejas de estilos muito específicos, cada uma com suas características. Em geral, são Ales menos claras, com aromas e sabores intensos, incluindo na lista cervejas do estilo Catharina Sour, com adição de frutas.

Cada uma com suas peculiaridades e sugestão de harmonização. Confira algumas:

  • Delirium Tremens, uma Belgian Golden Strong Ale com notas frutadas e especiarias. Dica: vai muito bem com massa ao pesto.
  • St. Patricks Acid Trip: Sour com adição de 10 frutas: cajá, caju, graviola, jabuticaba, manga, maracujá, melancia, morango, pitanga e umbu.
  • Wäls 42: uma Farmhouse Ale rolhada, com alta carbonatação, que leva limão e abacaxi na receita. Produzida no Brasil.
  • Búzios Ferradura: uma Belgian Strong Golden Ale encorpada, com alto teor alcóolico e grande explosão de sabores e aromas.
  • Wäls Dubbel: eleita a melhor Dubel do mundo, medalha de ouro no World Beer Cup. Notas de frutas secas escuras e vai bem com chocolate ao leite porque não é muito amarga.

Cervejas de trigo

As cervejas de trigo dos estilos Witbier, Weiss, Weizen, entre outras, são refrescantes e saborosas, em geral turvas, aromáticas e de baixo amargor. São indicadas para quem quer começar a beber cerveja, devido à alta drinkability (ou seja, são fáceis de beber).

Combinam com pratos leves, entradas como carpaccios, canapés e bruschettas, frutos do mar, e são ótimas com comida japonesa, como as delícias que você encontra no Sushi Bar Zona Sul.

Uma marca conhecida pela sua cerveja de trigo é a Praya. Vale a pena conhecer mais sobre a Praya, que além de carioca, é envolvida em diversas iniciativas socioambientais.

Além da Praya (Witbier), outras cervejas de trigo merecem sua atenção, como a Colorado Appia (Weiss), a primeira do Brasil a utilizar mel em sua fórmula e a Búzios Brigitte (Witbier), que combina perfeitamente com queijo de cabra.

Harmonização Búzios Brigitte com queijo de cabra por José Padilha.

Que tal começar agora a experimentar os estilos mais famosos e dar o seu toque de Expert nas harmonizações? É fácil: só passar no Zona Sul mais perto de você ou fazer sua compra pelo app, site ou WhatsApp.