Ao pensar em cerveja, muita gente já associa logo à cevada. Mas você sabia que as cervejas podem ser feitas de cereais distintos? E o trigo está na lista! Diversas escolas cervejeiras, entre elas a belga e alemã utilizam o trigo para o desenvolvimento de estilos que conquistaram o mundo. Além das clássicas, um estilo 100% nacional também faz parte do hall da fama cervejeiro. Conheça mais sobre as cervejas de trigo com o Expert José Padilha e entenda porque algumas delas são queridinhas do verão.

Aqui você vai ver:

Cereais além da cevada

Quando se pensa em cereal na cerveja, a cevada é o primeiro nome da fila. Isso porque, de fato, o cereal é o mais utilizado para a produção do malte, um ingrediente essencial para a fabricação da cerveja.

O malte é formado a partir das grãos do cereal que ficam de molho na água até absorverem o máximo possível de água. Depois do processo de germinação, esse malte é tostado e a tonalidade do malte depende do grau de torrefação.

Cervejas de coloração mais escura são aquelas feitas com malte mais tostado e adquirem notas achocolatadas ou toffee, perfeitas para o inverno e para a harmonização com comidas condimentadas e até sobremesas, o que é o caso da Stout. Já as menos tostadas são as mais claras e trazem menos aquecimento, combinando mais com as estações mais quentes, como primavera e verão.

Cervejas mais escuras são mais tostadas e aquecem mais no inverno. O oposto acontece com as claras.

Todavia, a utilização de outros cereais além da cevada remonta a milênios atrás, principalmente no caso dos países cuja plantação de outros cereais era mais promissora que a de cevada. Nas Américas, os imigrantes europeus tinham muito mais acesso ao milho e ao arroz, e com tais matérias-primas eram produzidas suas cervejas. Na Alemanha, o trigo é um dos cereais mais usados no país e dão origem às clássicas cervejas do estilo Weizenbier ou Weissbier.

Entre os cereais utilizados para a fabricação de cervejas estão o milho, a cevada, o centeio, o arroz e a aveia. E nada impede de que outros também sejam utilizados! Por conta dos cereais utilizados na cerveja, a bebida contém glúten, exceto pelas cervejas sem glúten, produzidas especialmente para os celíacos.

Cervejas de trigo

Se você já ouviu falar sobre Weizenbier, Weissbier e Witbier é possível que já tenha ficado um pouco confuso com esses nomes complicados. Mas em resumo, são os principais estilos de cervejas fabricadas com trigo. Isso não quer dizer que elas não levem cevada em sua composição, mas contém o ingrediente em menos quantidade.

Weissbier ou weizenbier

As cervejas Weiss e Weizen são criações da escola alemã de cervejaria e basicamente se diferem das witbiers belgas pelo fato de não utilizarem adjuntos em suas fórmulas (ou seja, somente malte, levedura, água e lúpulo) e por não serem filtradas, o que quer dizer que as leveduras permanecem na garrafa, resultando em aromas de cravo e banana.

A Lei da Pureza Alemã quase “matou” as cervejas de trigo, pois só permitia a utilização de cevada.

A cerveja do estilo Weiss teve origem no final do século XV na Baviera, o berço da cerveja na Alemanha. Em 1516, portanto, foi promulgada a Lei da Pureza da Cerveja Alemã, que determinava que a cerveja só poderia levar cevada, água e lúpulo. Tal lei foi criada para assegurar que o trigo seria utilizado apenas para a produção de pães, evitando o seu uso para a produção de cervejas. A Lei quase “matou” as cervejas weiss, mas em 1798 a ordem caiu e as cervejas de trigo voltaram a brilhar.

As cervejas do tipo Weiss possuem baixo amargor, sensação de cremosidade, e alta drinkability, o que faz do estilo um dos mais indicados para quem quer começar a beber cerveja.

Apesar de parecerem sinônimos, Weiss e Weizen não necessariamente querem dizer a mesma coisa. Afinal, weiss é a palavra alemã para “claro” e weizen é trigo em alemão. Nem todas as cervejas de trigo são claras e algumas são feitas com o malte de alta torrefação, resultando em cervejas acobreadas. Sendo assim, você encontra estilos como dunkelweizen (cerveja de trigo escura), weizenbock (escuras, mais alcoólicas e mais encorpadas), hefe-weizen (cerveja de trigo com sedimentos de leveduras, turva e alaranjada), entre outros.

Entre as cervejas nacionais do estilo Weissbier estão rótulos como Noi Bianca e Imigração. Entre as importadas, nomes como Paulaner e Erdinger, ambas alemãs.

Para apreciar sua Weissbier escolha o copo do tipo Weizen, que possui curvas únicas para realçar as qualidades da cerveja de trigo e conservando sua espuma no topo.

Harmonize sua Weiss

Uma weiss harmoniza com peixes e frutos do mar, saladas, grelhados, salsichas e pratos apimentados e é indicada para quem deseja começar a adentrar no universo cervejeiro, devido a sua alta drinkability.

Combina também com entradas como carpaccios, canapés e bruschettas, e são ótimas com comida japonesa, como as delícias que você encontra no Sushi Bar Zona Sul.

E para deixar o seu dia tipicamente alemão, a dica é preparar um Frühstück, um drink com cerveja de trigo e suco de laranja, que faz parte do café do manhã dos alemães. O modo de preparo é fácil: primeiro, agite a garrafa de cerveja para que o resíduo se misture com o líquido. Depois, junte 40% de cerveja de trigo com 60% de suco de laranja. Sirva geladinho e pronto, tudo perfeito para começar o dia!

Witbier

As Witbier (“cervejas brancas”) são representantes da escola belga, que se tornou popular no século XVII na Europa. Apesar de serem feitas com trigo, as cervejas do estilo Witbier contam com ingredientes adjuntos, ou seja, adicionais além do malte, água e lúpulo, que são principalmente coentro, casca de frutas cítricas e outras especiarias. As witbiers são turvas, aromáticas e refrescantes.

Entre os rótulos nacionais que seguem o estilo Witbier estão nomes como Búzios Brigitte, Brewpoint, Backbone, Denker e Leopoldina.

Para degustar sua witbier, escolha o copo tipo Tumbler, pesado e robusto de bojo largo, uma vez que as cervejas desse estilo não costumam formar muita espuma. O modelo sextavado de copo Tumbler é famoso e foi criado por Pierre Celis para a cerveja Hoegaarden, uma das referências do estilo.

Harmonize sua witbier

Witbiers são ótimas para servir com saladas, frutos do mar e com ceviche, uma das harmonizações favoritas do Expert em Cervejas José Padilha, por causa do toque cítrico do coentro e da casca de laranja.

A Búzios Brigitte já foi premiada como a melhor do mundo em 2017 e vale dar uma conferida nas dicas de harmonização no vídeo a seguir:

Búzios Brigitte com queijo de cabra por José Padilha.

Catharina Sour: um estilo brasileiro

Além das tradicionais cervejas belgas e alemãs, existe um estilo 100% nacional que também é classificado como cerveja de trigo.

Catharina Sour é o primeiro estilo de cerveja criado no Brasil e catalogado internacionalmente. O estilo nasceu em Santa Catarina em 2015, quando várias cervejarias artesanais e cervejeiros caseiros se uniram para criar uma cerveja com frutas tropicais e que fosse ideal para refrescar, sobretudo no nosso clima quente.

Saborosa e com jeito tropical, o estilo Catharina Sour é uma cerveja de trigo bem leve e refrescante, de teor alcoólico moderado e de baixo amargor. Muito efervescente na boca, como um espumante, tem um deliciosa acidez equilibrada que é destacada pela adição direta de frutas que são, em geral, frutas tropicais, como abacaxi, pitanga, graviola, seriguela e muito mais.

Entre os rótulos indicados pelo Expert José Padilha estão a Mohave Sour Red Fruits, Three Monkeys I’m Sour, St.Patrick’S Beer Acid Trip e Masterpiece Monalisa. A Catharina Sour vai bem com ostras, pratos leves e frutos do mar, com destaque para os crustáceos.

Se você ama cervejas e deseja conhecer mais sobre as bebidas que combinam com o clima do momento, confira os catálogos elaborados pelos Experts Zona Sul. Além de rótulos selecionados por José Padilha, a publicação conta com dicas de harmonização e uma série de informações e curiosidades.

Baixe já o seu catálogo de cervejas e destilados de verão e faça um brinde à estação mais carioca do ano!