Café vicia? Faz mal? Café claro é “chafé”? São muitos os questionamentos de quem admira um cafezinho, porém muitos deles são baseados em fake news. Quer saber a verdade? O Expert Paulo Tassinari vai tirar responder às questões mais polêmicas sobre o universo dos cafés, para você apreciar essa bebida tão amada pelos brasileiros sem barreiras para a felicidade.
Aqui você vai ver:
Desmistificando os conceitos populares sobre café
Você sabia que o café é a bebida mais popular do mundo? A planta que dá origem à bebida é originário da Etiópia, e foi cultivada pela primeira vez pelos árabes, por isso a denominação Coffea arabica, nome científico da espécie mais importante.
Presente no cotidiano de praticamente todo brasileiro, o café está presente na história do Brasil desde o século XVIII e movimentou a economia e a política do país, tamanha sua importância.
Apesar de toda a sua fama em território nacional e da indiscutível presença no costume alimentar dos brasileiros, o café ainda sobre com algumas mentiras que impedem os coffee lovers de mergulharem nesse delicioso mundo com mais conhecimento.
Mas para revelar as verdades sobre o café, o Expert Zona Sul Paulo Tassinari compartilha algumas dicas que vão elevar a sua relação com o café a um outro nível, para você aproveitar ao máximo essa iguaria com sabor de afeto. Confira os principais mitos:
Mito 1: café é tudo igual, só muda a forma de fazer
Esse é um grande mito, e um dos mais “doloridos” para os especialistas em café. A prova disso é que a diversidade no mundo dos cafés começa pelas duas variedades de espécies mais conhecidas, que são Arábica e Conilon (Canephora), além de outras menos famosas. Há ainda os subtipos dentro de cada um desses cultivares principais. Na espécie Arábica, por exemplos, há os Bourbon, Typica, Caturra, Mundo Novo e muito mais. Isso sem contar o local de produção, a face do sol, os diferentes processos pós-colheita, entre outros.
De acordo com catálogo da Embrapa, o Brasil dispõe de 176 cultivares de café cadastradas no Registro Nacional de Cultivares (RNC), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), das quais 135 são de Coffea arabica e 42 de Coffea canephora.
Considerando esse vasto leque de opções, é válido lembrar que cada variedade de grão apresenta propriedades distintas como: acidez, doçura e notas aromáticas, criando assim uma experiência singular para quem degusta essa bebida.
Além dos diversos cultivares, há ainda a torra do grão (clara, média ou alta), o tipo de moagem (fna, média-fina, média ou grossa) e, por fim, a escolha do método de preparo, que influencia no resultado sensorial da sua bebida. Exemplo: café espresso, coado, preparado na prensa francesa, na cafeteira Moka, café em cápsula, entre outros.
“Também não podemos esquecer que: você que vai preparar o café é parcela importantíssima no resultado final. Um pouco de água fora de hora, um arranjo diferente no pó, no método de preparo, pode fazer total diferença.”
Expert em Cafés Paulo Tassinari
Mito 2: café ou “chafé”?
A máxima “café bom é café preto” é puro mito. Afinal, a qualidade do café vai muito além da sua cor.
Entende-se que quanto mais torrados os grãos, mais escura a bebida. Todavia, grãos de alta qualidade – arábica, por exemplo – geralmente são torrados a um nível médio, para preservar suas características sensoriais que são mais delicadas.
Café claro nem sempre é “chafé”. Cuidado para não deixar de tomar um café de qualidade por causa da tonalidade.
Em geral, existem três níveis principais de torra de grãos:
- Torra clara: preserva mais os sabores originais do café, com notais mais florais e frutadas e maior acidez.
- Torra média: oferece equilíbrio entre corpo, acidez, doçura e amargor, uma vez que a torrefação confere ao café uma redução de acidez e maior corpo, com notas mais toffee. Um processo similar ocorre na fabricação de cervejas artesanais.
- Torra escura: para nos aventurarmos por torras escuras sem que o café fique com aquele gosto de queimado, precisamos ter cafés muito densos, normalmente cultivados em grandes altitudes, dependendo do lugar do nosso planeta. Para torras escuras de grãos Arábica, é preciso ter grãos produzidos em zonas especiais, pois os grãos mais duros permitem que eles sejam torrados sem causar a queima do grão e, consequentemente, perda no paladar. Se a escolha for torra alta, aposte nos Canephora, ou nos Arábica de qualidade (dureza) produzidos para essa finalidade.
Por fim, é importante lembrar que um café mais claro não significa um café ralo, se preparado de forma adequada. O importante é tentar perceber a diferença entre o sabor intenso e o sabor queimado, entre um café com uma aparência de um líquido mais claro mas que seja saboroso e não “ralo”. Tente perceber, degustar e descubra as diferenças.
Agora, se o problema na hora de fazer o café realmente for um erro na proporção entre água e pó de café, resultando naquele café com cor de “água de batata”, confira o passo a passo que Gabriela Tassinari preparou para você nunca mais errar no seu cafezinho coado:
Mito 3: café bom é importado
Se tem uma matéria-prima que o Brasil produz com qualidade, é o café (além de muitas outras, sem dúvidas). De acordo com a Organização Internacional do Café – OIC, a América Sul é a maior região produtora de café do planeta e o Brasil, o país que lidera o ranking mundial de exportações.
Além dos cafés considerados commodity, temos os cafés especiais que correspondem a 20% da safra brasileira, sendo que cerca de 90% das sacas são exportadas e cerca de 900 mil consumidas “dentro de casa” (fonte: BSCA). Ou seja, o Brasil não só produz café de altíssima qualidade como destina grande parte dessa produção para o mercado internacional.
O Brasil lidera o ranking mundial de exportações de café.
Atualmente o café especial feito parte do consumo dos brasileiros e a procura pelos cafés com alta pontuação e premiados têm aumentado bastante, com diversas opções disponíveis para os consumidores no mercado, sobretudo no supermercado mais amado do Rio.
De acordo com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), para ser considerado especial, o café precisa atingir acima de 80 pontos, além de garantir 100% de pureza dos grãos.
Mito 4: café faz mal à saúde
Um dos motivos que faz com que muitos apreciadores de café deixem de aproveitar o melhor dessa bebida é a crença de que faz mal à saúde, causa dor de estômago, que vicia, ou leva à privação de sono. Acredite, o café é amigo da saúde!
“Embora não cause dependência, eu assumo: não vivo sem café!”
Expert em Cafés Paulo Tassinari
Antes de mais nada é importante frisar que sim, o café, possui cafeína, e é uma bebida estimulante, mas suas propriedades vão muito além desse estereótipo. O café pode aumentar a concentração, disposição e ajudar no desempenho esportivo. Todavia, além do estímulo, o café ajuda o cérebro a liberar dopamina, o “hormônio da felicidade”, assim como faz o chocolate.
Café e chocolate: ambos liberam dopamina, o “hormônio da felicidade”.
Quanto à quantidade de café, o recomendado é até 4 xícaras (correspondentes ao coado) por dia. Além disso, o mais adequado é consumi-lo em até 30 minutos após seu preparo para evitar que comece seu processo de oxidação. Contudo, de acordo com a Abeso – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica -, o café não é recomendado para crianças menores de 2 anos, ou em quantidades acima de 200mg de cafeína para gestantes ou lactantes.
Se consumido puro (sem açúcar) e em quantidades seguras, o cafezinho é capaz de proteger a saúde do coração e prevenir doenças degenerativas, como Alzheimer e Parkinson (fonte: Abeso). E não há estudos que comprovem que o café vicia.
Mito 5: café sem açúcar é amargo
Conhece alguém que faz “cara feia” quando pensa em café sem açúcar? Muitos pensam que café é sinônimo de amargor, porém ele possui diferentes propriedades que podem ser realçadas de acordo com a produção e o preparo escolhido.
Tudo começa com a colheita, no terroir, e a escolha da espécie, Conillon ou Arábica. Os Conillon (também conhecidos como Robusta) apesar de menos complexos, são mais produtivos e, usualmente, mais baratos. E por terem, naturalmente, menos óleo em sua composição, permitem atingir temperaturas maiores durante a torra e, consequentemente, obtém mais pigmentação (mais “tinta” no preparo).
Açúcar no café? Talvez você só esteja escolhendo o tipo de café errado para começar a abandonar esse costume.
Já os da espécie Arábica são mais complexos e geralmente mais caros. Todavia, os bons Arábica em sua plenitude compensam esse valor, pois oferecem uma riqueza maior de sabores, sendo normalmente torrados em torra média ou média-clara. Consequentemente, têm menos amargor, maior acidez e doçura.
Portanto, se você está achando o seu café muito amargo, talvez seja a hora de experimentar os do tipo Arábica em torra média, pois apresentam maior doçura e acidez interessantes.
Arábica e Conillon: um panorama para 2024
Apesar do grande uso dos grãos Canephora (Robusta ou Conillon) em cafés tradicionais, especialmente os que utilizam denominações como “forte” ou “extraforte”, o Expert Paulo Tassinari alerta para a situação global quanto ao custo e disponibilidade desse cultivar para a indústria, pois o mundo está passando por uma crise na produção devido às condições climáticas (Indonésia e Vietnã, grandes produtores desse café), que só deve melhorar nas próximas safras a partir de 2025.
Com isso, a indústria tradicional que usava muito o Canephora não vai encontrar esse café com tanta fartura ou preços atrativos como antigamente. Esse tipo de café é muito usado em blends oferecidos pelo mercado, devido à maior pigmentação (produz mais “tinta”) e cafeína.
Quem estava acostumado com esse cenário, provavelmente vai se deparar com um novo momento, com oferta de grãos do tipo Arábica, que deve começar a ser ofertado mais torrado para compensar as propriedades do Conillon e agradar os fãs de um café mais amargo. Um motivo para experimentar um café especial.
Para saber mais sobre café
Se você é um apaixonado por café e está disposto a mergulhar nesse universo sem medo e se preconceito, fique por dentro das dicas e receitas que já rolaram por aqui e peça agora mesmo o seu Me Bebe, o café exclusivo Zona Sul, produzido especialmente para os cariocas de coração.