O Brasil é um país especialista em transformar comidas em histórias. E a confeitaria é um rico exemplo da criatividade nacional. De norte a sul, cada região cria suas próprias sobremesas, guiadas pelo afeto, pela memória e, claro, pelo bom humor, batizando receitas com nomes irreverentes. E, seguindo esse caminho, é hora de aprender a preparar doces curiosos para convidar os amigos para provar. Quem resiste a uma cueca virada ou um bolo podre? Conheça, divirta-se e aprecie!

Aqui você vai ver:

Doces que são “puro suco” do Brasil

Alguns doces com nomes curiosos são um clássico, como pé-de-moleque, olho-de-sogra, brigadeiro, Romeu e Julieta, beijinho. No entanto, por mais curiosos que sejam esses doces, já entraram no vocabulário comum e os nomes, apesar de divertidos, já não causam mais estranhamento aos brasileiros em geral. Mas você já comeu um bolo podre e uma cueca virada?

Conheça sobremesas e receitas doces regionais com nomes curiosos pelo Brasil e mergulhe nos sabores do Brasil com humor. E nem pense em traduzir esses nomes para outros idiomas para “gringo” entender, pois são únicos!

Bruaca cearense

A dica da bruaca é da Gabi Tassinari, filha do Expert Paulo Tassinari e parceira nos trabalhos. A receita, indicada pela sogra da Gabi, tem uma origem curiosa. Não é oficialmente uma sobremesa, mas vai muito bem como um lanche doce, puro ou acompanhada de uma geleia, ou de um doce de leite cremoso.

Como toda receita, a bruaca cearense também tem sua história. Ela era típica no sertão do Ceará, feita com ingredientes básicos — como farinha, ovos, açúcar e manteiga da terra — e era uma verdadeira “companhia de estrada” de vaqueiros e tropeiros.

O nome vem da bruaca, a bolsa de couro onde esses viajantes guardavam mantimentos. Por ser prática, durável e energética, a receita ganhou o mesmo nome e virou tradição nos lares sertanejos. Sua massa lembra uma panqueca rústica, dourada na manteiga da terra e com aquele sabor inconfundível do Nordeste.

Anote o passo a passo e aprecie sua Bruaca com um café Me Bebe.

Ingredientes

  • Meia xícara (chá) de açúcar refinado
  • Meia xícara (chá) de leite
  • 2 ovos
  • 1 pitada de sal
  • 1 xícara (chá) de farinha de trigo

Modo de preparo

  1. Em um recipiente, misture muito bem o açúcar, o leite, os ovos e o sal. Em seguida, adicione a farinha de trigo e incorpore.
  2. Em uma frigideira antiaderente aquecida, despeje uma parte da massa com a ajuda de uma concha, bem no centro, para que a massa se espalhe e forme um disco como uma panqueca.
  3. Deixe dourar de um lado por completo e vire-a para dourar do outro.
  4. Retire e repita o processo até terminar com a massa.

Cueca virada

Depois da “bruaca”, que tal provar uma “cueca virada”? Com um nome tão divertido quanto sua origem, a cueca virada é uma receita antiga que faz parte da tradição culinária do Sul do Brasil, especialmente no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Adicionado de um toque de interpretação brasileira, ela se inspira em doces fritos europeus, uma herança dos imigrantes portugueses ou italianos. Em Portugal, por exemplo, há os coscorões, e na Itália, as chiacchiere, doces semelhantes.

A cueca virada é um doce aconchegante de “casa de vó”, presença certa em cafés da tarde, festas juninas, encontros familiares e dias frios acompanhados de café ou chimarrão. Aprenda a preparar esse curioso docinho com a Chef Zona Sul Vivi Cabral.

Ingredientes (rende aproximadamente 2 kg)

  • 250 g de farinha de trigo
  • 50 g de açúcar
  • 1 colher (sopa) de manteiga
  • 1 colher (café) de fermento em pó
  • 1 colher (sopa) de cachaça
  • 1/2 copo de leite
  • 1 pitada de sal
  • Óleo para fritar
  • Açúcar e canela para finalizar

Modo de Preparo

  1. Misture todos os ingredientes até formar uma massa homogênea.
  2. Modele em forma de bola e deixe descansar por 30 minutos. A massa pode ficar na geladeira por até 3 dias; deixar de um dia para o outro funciona normalmente.
  3. Abra a massa em superfície enfarinhada até ficar bem fina (2 a 3 mm), pois ela cresce bastante ao fritar.
  4. Corte em tiras ou retângulos, faça um corte central, passe uma das pontas pelo buraco e puxe para formar o torcidinho.
  5. Frite em óleo quente até dourar.
  6. Passe no açúcar com canela enquanto ainda estiver quente e sirva.

Cartola

Cartola é um clássico nordestino que atravessou fronteiras e hoje aparece nas mesas de todo o Brasil.

A combinação nasceu da própria rotina alimentar do Nordeste. Banana — geralmente prata ou banana-da-terra — e queijo manteiga ou coalho eram presença constante no dia a dia. Quando esses dois ingredientes deram match e receberam o toque final de açúcar e canela, o resultado foi um contraste irresistível entre doce, salgado e levemente tostado que define a Cartola.

O nome tem explicação: ao ser montada, com a banana quente por baixo e o queijo dourado por cima, a sobremesa cria uma camada que lembra a silhueta de uma cartola.

A Cartola é Patrimônio Imaterial da Gastronomia Pernambucana.

Aprenda a preparar sua Cartola com os Chefs Zona Sul Thays Costa e Leo Salgueiro.

Ingredientes

  • 1 banana-prata madura
  • 100 g de queijo manteiga ou coalho (fatia grossa)
  • 1 colher de sopa de manteiga
  • Meia colher de sopa de açúcar
  • 1 colher de chá de canela em pó

Modo de preparo

  1. Corte o queijo manteiga (ou coalho) em uma única fatia média, suficiente para cobrir parcialmente as bananas.
  2. Em uma frigideira antiaderente, aqueça a manteiga.
  3. Acomode as fatias de banana na frigideira.
  4. Ao lado das bananas, refogue também a fatia de queijo manteiga (conhecido no Nordeste como requeijão de corte).
  5. Deixe dourar levemente, virando os lados das bananas e do queijo cerca de 2 vezes.
  6. Transfira para um prato: disponha as fatias de banana e cubra com o queijo.
  7. Polvilhe a mistura de açúcar e canela sobre o doce.

Pé-de-moça

O pé-de-moleque já é velho conhecido dos brasileiros, mas o pé-de-moça, a versão mais delicada do clássico, é uma adaptação mais moderna.

O pé-de-moleque tradicional (duro e caramelizado) tem raízes no Nordeste, especialmente nas regiões produtoras de açúcar e rapadura. O pé-de-moça, no entanto, não é tão regional, mas ainda assim, brasileiríssimo! Seu nome, menos conhecido que o seu ascendente, é uma brincadeira com a textura do doce, mais fofinha e macia.

Aprenda a preparar um pé-de-moça e outras receitas para um arraiá junino.

Bolo podre

Pode parecer ruim, mas comer um bolo podre é uma delícia. Apesar do nome pouco apetitoso, “bolo podre” é um tipo de bolo mais úmido e cremoso bem popular no nordeste. A receita possui diferentes versões e uma delas se assemelha mais ao que no Rio é chamado de cuscuz.

Para fazer o bolo podre típico, a tapioca utilizada é flocada, com flocos grandes “que parecem de isopor”. Para uma versão adaptada, é possível usar a goma Tapioquíssima, de flocos mais finos para a receita. O resultado é um doce mais leve e macio.

Em terras cariocas este doce brilha com protagonismo durante as festas junho e julho, com o típico “arraiá”. Aproveite para aprender a preparar seu próprio leite de coco para usar na sua receita.

Uma sobremesa muito fácil de fazer que não precisa ir ao fogo, nem ao forno.

Aprenda a fazer seu bolo podre e capriche no leite condensado.

Pra quem ama sobremesa

Se você ama sobremesas e não resiste ao sabor dos ingredientes brasileiros, vale continuar explorando esse universo de receitas, histórias e curiosidades por meio dos artigos e receitas que rolam aqui no Gastronomia Carioca. Veja só:

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