O que é, o que é? É feito de uva e não é vinho. É um destilado, mas não é cachaça. Se você ainda não conhecia a grappa (ou graspa), é hora de conhecer esse tradicional destilado italiano, feito com o bagaço das uvas utilizadas na produção dos vinhos. Uma bebida com alto teor alcoólico, a grappa oferece inúmeras possibilidades de aromas e sabores. Aprenda a harmonizar sua grappa e a preparar drinks inspirados em clássicos.

Aqui você vai ver:

Uma breve história sobre a grappa

Pouco popular no Brasil, mas um dos mais famosos destilados da Itália, a grappa (ou graspa) é um destilado feito com o bagaço das uvas utilizadas na fabricação de vinhos, cuja origem remonta à Idade Média. Por volta do ano de 1.400, já havia indícios da produção de graspa na região italiana de Friuli. No entanto, foi com a utilização de destiladores equipados com retificadores que a produção da graspa foi aperfeiçoada (fonte: Embrapa).

Antes de se tornar uma bebida reconhecida nos bares e restaurantes, a grappa era mais rústica e agressiva, com a finalidade apenas de aquecer os soldados italianos no inverno. Com o passar dos anos, a elaboração da grappa se tornou mais refinada, com mais atenção aos sabores e aromas, tornando-se uma apreciada bebida.

Com graduação alcoólica que pode variar entre 35% e 60% por volume de acordo com a legislação italiana, a grappa é feita por destilação dos resíduos do bagaço da uva e seu sabor depende do tipo e da qualidade da fruta, além de outros fatores, como o processo de destilação e armazenamento em tonéis.

O termo grappa pode ter variações de grafia dentro do próprio país de origem, sendo chamada de grapa (Lombardia), rapa (Piemonte) ou graspa (Vêneto), forma mais utilizada no Brasil.

A grappa é produzida com o bagaço das uvas utilizadas nos processos de vinificação.

A grappa brasileira

Segundo a legislação brasileira, para as graspas produzidas em território nacional, a bebida deve ter graduação alcoólica de 38°GL a 54°GL, obtida do destilado alcoólico simples do bagaço da uva fermentado e/ou borra da produção do vinho, podendo ser adicionado de açúcar, em quantidade não superior a 10 g/L.

No Brasil, a grappa está intimamente ligada aos hábitos de consumo da população rural na Serra Gaúcha, o que está intimamente ligado à história da imigração italiana para o sul do país. De acordo com a Embrapa, o enoturismo na região tem aumentado a popularidade da grappa em âmbitos nacionais.

Tipos de grappa

Basicamente, a grappa pode ser um blend de uvas, ou seja, um mix de cultivares que confere à bebida um sabor único, tal como acontece na produção de vinhos; um varietal, quando elaborada com uma só casta; ou “invecchiatta”, que significa envelhecida em barris de carvalho, a qual apresenta coloração mais escura e sabor mais amadeirado.

O tempo de envelhecimento de uma grappa pode alterar a cor, o sabor e a intensidade da bebida. Por exemplo, grappas envelhecidas – como grappa stravecchia ou riserva se parecem mais um conhaque, enquanto as brancas são mais florais e parecidas com uma “aguardente”.

A cachaça é o destilado brasileiro mais parecido com a grappa italiana.

Seus “parentes” mais próximos são a bagaceira (ou aguardente) portuguesa, e o orujo espanhol, que seguem o mesmo processo de produção. Quanto ao sabor, o mixologista Zona Sul Claudio Adriano traz como referência a brasileira cachaça, que também é um destilado, porém utilizando a cana-de-açúcar como matéria-prima.

Uma grappa de qualidade é “macia”, ou seja, equilibra a untuosidade e doçura do álcool, apesar de não ser uma bebida doce, pois não apresenta açúcar residual. Geralmente é consumida em torno de 8 a 10ºC, mas pode variar de acordo com a preferência de cada um.

Como beber grappa

A grappa é uma bebida que tipicamente é servida após as refeições devido ao seu alto teor alcoólico. O Expert em Vinhos Dionísio Chaves indica a harmonização com frutas, sobremesas (com destaque para o sorvete) e alguns queijos mais maturados.

Assim como o vinho do Porto, a grappa geralmente é servida em cálices próprios, para ser degustada em pequenas doses. Dionísio Chaves esclarece que é possível também a utilização da taça ISO, a mesma usada para degustação de vinhos.

Grappa com café

É costume dos italianos, principalmente no norte do país, o consumo de grappa com café. O chamado caffè coretto consiste na mistura de uma dose de espresso com uma pequena quantidade de bebida bem alcoólica, que geralmente é a grappa, mas pode ser licor ou conhaque. É conhecido também como “espresso coretto”.

Espresso com grappa: um casamento italiano que deu certo.

O drink similar comum na Espanha é o Carajillo, que geralmente é preparado com Licor 43. Baixe o e-book de drinks de inverno e aprenda a preparar o seu.

Drinks com grappa

Já que o assunto são drinks com grappa, o mixologista Zona Sul Claudio Adriano, responsável pelo Bar do Rio, preparou receitas inspiradas em clássicos da coquetelaria, como Mojito e Gin Tônica. Anote as receitas:

Grappa tônica (inspirada no gin tônica)

  • Você vai precisar de 50 mL de grappa, tônica e fatias de limão.
  • Em uma taça de gin, adicione o gelo e os demais ingredientes e mexa delicadamente.

Grappito (releitura do mojito)

Ingredientes

  • 10 folhas de hortelã
  • 20 ml de xarope de açúcar
  • 50 ml de grappa
  • 20 ml de suco de limão
  • Água com gás (para completar)

Modo de preparo

Bata levemente nas folhas de hortelã e coloque no fundo do copo. Adicione gelo e todos os demais insumos, mexa delicadamente e complete com água com gás.

Para conhecer mais sobre a Itália

Assim como a grappa, outros elementos são icônicos do país da bota, como o delicioso tiramisú, sobremesa que mistura mascarpone, café e chocolate, as clássicas massas, ou a típica pizza napolitana, além dos vinhos, é claro.

Se você quer saber porque os italianos comem tão bem, fique de olho nas dicas e aproveite para baixar o seu e-book Sabores da Itália.