A gastronomia é muito mais do que cozinhar — é uma forma viva de expressão cultural. No Brasil, diferentes ervas, sementes, raízes e especiarias conferem identidade a receitas que respiram ancestralidade. São sabores herdados de povos indígenas, africanos, europeus e tantas outras culturas que formam o nosso país. Entre os ingredientes que tornam a comida brasileira tão singular, estão os temperos nativos e as ervas utilizadas na culinária, que revelam a biodiversidade do Brasil em forma de sabor. Conheça os aromas e sabores que vêm da nossa terra — e coloque mais Brasil no seu prato.
Aqui você vai ver:
- Ervas e temperos nativos
- Urucum
- Pimentas brasileiras
- Temperos que se tornaram “patrimônio” nacional
- E-books Sabores do Brasil
Ervas e temperos nativos
Entre tantas riquezas brasileiras, os temperos merecem destaque. Nossa culinária é um verdadeiro caleidoscópio de sabores — fruto da mistura de saberes indígenas, africanos, europeus e de tantos outros encontros culturais.
Os povos indígenas foram os primeiros guardiões da biodiversidade brasileira. Com profundo conhecimento ancestral, usavam raízes, ervas e sementes como o urucum, o jambu e tantas outras espécies nativas, revelando uma relação íntima entre natureza, tradição e sabor.
Com a chegada dos colonizadores portugueses, ingredientes como o alho e a cebola passaram a ocupar espaço central nas preparações, trazendo técnicas e temperos que se misturaram aos saberes locais.
Já os povos africanos, com seus saberes preservados mesmo em contextos de resistência, enriqueceram nossa cozinha com o uso da pimenta-malagueta, do dendê e de outros sabores intensos que marcaram de forma profunda e afetiva a identidade da culinária brasileira.
Valorizar esses ingredientes é uma forma de reconectar com nossa história. Conheça algumas dessas especiarias e deixe suas receitas com os sabores da nossa terra!
Urucum
Já utilizou colorau em suas receitas? Então talvez não saiba que está usando urucum!
De coloração vermelha vibrante, essa substância é extraída do fruto do urucuzeiro — planta nativa da família das Bixáceas. Muito antes da chegada dos portugueses ao Brasil, o urucum (Bixa orellana) já era utilizado por povos indígenas para tingir cerâmicas, realizar pinturas corporais e preparar medicamentos, inclusive em forma de óleo.


Segundo o Arquivo Nacional da História Luso-Brasileira, há registros de Pero Vaz de Caminha mencionando o urucum em sua carta ao rei Dom Manuel, ao relatar a descoberta das terras brasileiras em 1500:
“Alguns traziam uns ouriços verdes, de árvores, que, na cor, queriam parecer de castanheiros, embora menores. E eram cheios duns grãos vermelhos pequenos, que, esmagando-os entre os dedos, faziam tintura muito vermelha, de que eles andavam tintos. Quanto mais se molhavam, tanto mais vermelhos ficavam.”
A palavra Urucum tem origem tupi-guarani e significa vermelho.
Logo os portugueses se renderam à versatilidade do urucum. A semente moída ganhou o nome de colorau, por analogia a uma especiaria lusitana de mesmo nome — embora produzida com pimentão vermelho, como a páprica.
O urucum é utilizado na moqueca, principalmente na versão capixaba, na qual não se usa leite de coco, azeite de dendê, pimenta e nem pimentões, mas o urucum para avermelhar a moqueca.
Pimentas brasileiras
Se tem algo que não falta nos pratos típicos brasileiros é o tempero. E grande parte do sabor pode ser atribuído às pimentas.
As pimentas e os pimentões pertencem à família Solanaceae e ao gênero Capsicum. Este gênero possui cerca de 30 espécies diferentes, classificadas conforme o nível de domesticação (domesticadas, semidomesticadas e silvestres). O Brasil é um importante centro de diversidade para o gênero, pois no país se encontram representantes em todos os níveis mencionados (fonte: Embrapa).
Algumas pimentas bem brasileiras são as pimentas Biquinho e Cambuci, classificadas como suaves e adocicadas.


Pimenta-biquinho
A pimenta-biquinho, também chamada de pimenta de bico, começou a ser comercializada no Triângulo Mineiro nos anos 2000, espalhando-se por todo o Brasil e se tornando queridinha dos chefs. Sua cor e formato agregam beleza aos pratos e ela pode ser uma ótima opção para quem é muito sensível ao ardor das pimentas.
Por ser muito suave, a pimenta-biquinho costuma ser utilizada na finalização de pratos, conferindo um charme especial às receitas, como na casquinha de siri de palmito de pupunha da Expert Lorena Abreu.
Pimenta Cambuci
Já a pimenta Cambuci, também conhecida como Chapéu-de-Frade, é mais comum na região sudeste, principalmente no estado de São Paulo (fonte: Embrapa). Ela pode ser consumida verde ou madura, e utilizada até mesmo no preparo de doces, compotas e geleias. Que tal aprender a fazer tacos numa versão bem brasileira com a Chef Zona Sul Thays Costa?
Temperos que se tornaram “patrimônio” nacional
Alguns temperos não são necessariamente brasileiros, mas se tornaram símbolo da culinária nacional. Ingredientes como alho, cebola, açafrão-da-terra, louro, e ervas como salsinha, coentro e cheiro-verde estão presentes na maioria das receitas do dia a dia dos brasileiros.
Utilizar temperos e ervas naturais oferece uma grande vantagem à saúde. Como descrito no Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde, “todos esses temperos naturais pertencem ao saudável grupo dos legumes e verduras”, e ajudam a deixar a comida mais gostosa sem a necessidade do uso excessivo de óleo ou sal.
Saiba mais sobre alguns dos temperos e ervas queridinhos no menu verde e amarelo:
Alho
Todo mundo sabe quando tem comida fresca sendo preparada: o aroma do alho amassadinho e frito é sinal de panela no fogo. Além de possuir um sabor marcante, o alho é um poderoso aliado na saúde. Quando amassado, ele libera um componente bioativo chamado alicina. As alicinas ajudam a reduzir o colesterol “ruim”, a pressão sanguínea e auxiliam no sistema imunológico.
Apesar de no Brasil ser praticamente uma regra fritar bem o alho antes de preparar um bom arroz ou feijão, em outros lugares do mundo não é bem assim. O Expert em Gastronomia Christophe Lidy, apesar de carioca de coração, nasceu na Alsácia e confirma que na França o alho costuma ser refogado e não frito.



Segundo a legislação brasileira, o alho (Allium sativum) é classificado em dois grupos: branco e roxo. No entanto, há também variações por origem, como o alho brasileiro e o chinês. E ainda tem o alho negro, queridinho dos chefs! Conheça a diferença entre os tipos de alho e saiba qual o mais indicado para cada momento.
O alho está presente em muitas receitas e quitutes, como no pão de alho que não pode faltar no churrasco, ou no feijão tropeiro, que você aprender a preparar em casa seguindo a receita do Chef Zona Sul Leo Salgueiro.


Cebola
Quando o assunto é temperar uma boa comida, a cebola está lado a lado com o alho. Ela realça o sabor dos alimentos e traz profundidade ao preparo, podendo ser usada crua, cozida, frita, assada o até mesmo caramelizada.
Nos pratos do dia a dia, a cebola pode ser facilmente encontrada na salada verde com alface e tomate, num refrescante molho vinagrete para acompanhar o churrasco, frita na farofa ou em rodelas acompanhando o bife com batata-frita. Não faltam oportunidades para utilizar a cebola no cardápio.
Que tal uma farofa com picanha do Expert Jimmy Ogro? Acompanhe o preparo e pense em quem merece ser convidado para compartilhar essa refeição.
Cheiro-verde
O cheiro-verde não é uma erva específica, mas um combinado de ervas aromáticas. Nas regiões sul e sudeste, costuma ser a dupla cebolinha + salsinha, e no nordeste e centro-oeste, cebolinha + coentro, por vezes também incluindo a salsinha, onde o coentro costuma ser melhor recebido.


A combinação altamente aromática é muito usada no cozimento de carnes ou na finalização de pratos como moquecas, ensopados, preparos com abóbora, entre outros.
Que tal preparar um quibe de abóbora com quinoa com a Expert Lorena Abreu?
E-books Sabores do Brasil
Para quem deseja mergulhar ainda mais na riqueza da nossa gastronomia, confira a coleção de e-books “Sabores do Brasil”, desenvolvidos pelos Experts e Chefs Zona Sul. São receitas autênticas, ingredientes típicos e curiosidades sobre os sabores que representam as diferentes regiões do país — tudo pensado para valorizar a cultura alimentar brasileira e deixar o seu dia a dia com sabor de afeto.


