Alguns países são reconhecidos no mundo dos vinhos como grandes produtores. Tanto em famosos países do Velho Mundo quanto nos representantes do Novo Mundo em ascensão, algumas uvas viníferas são ícones na produção de vinhos, pois encontraram nesses solos um terroir perfeito para seu desenvolvimento, além de outros fatores como técnicas de plantio, colheita e investimento em tecnologia. Será que você conhece as protagonistas da vitivinicultura pelo mundo?
Aqui você vai ver:
- Chile e Cabernet Sauvignon
- Espanha e Tempranillo
- França e o corte bordalês
- Itália e Sangiovese
- Portugal e Touriga Nacional
- Qualidade além do ranking
Chile e Cabernet Sauvignon
A história de sucesso da vitivinicultura no Chile teve início quase simultaneamente à sua colonização pelos espanhóis. As terras chilenas, abençoadas com um clima privilegiado, tornaram-se o ambiente ideal para cultivar as sementes de videiras trazidas da Europa.
Em um curto período após a chegada dos espanhóis ao Chile, a devastadora praga da filoxera assolou o Velho Mundo, destruindo inúmeros vinhedos. No entanto, no Chile, essas novas plantações prosperaram e se tornaram um tesouro genético para o futuro. Uvas como Merlot, Carménère, Syrah, Pinot Noir, entre outras, começaram a ser cultivadas no país no século XIX, e se adaptarem muito bem ao milagroso terroir do Chile.
No entanto, foi a europeia Cabernet Sauvignon, resultado do cruzamento entre a Cabernet Franc e a Sauvignon Blanc, que encontrou o lugar perfeito para prosperar em solo chileno e se tornou a uva mais famosa do país.
A rainha das tintas também se adaptou muito bem ao solo americano e os EUA se destacam pelos vinhos com Cabernet Sauvignon, principalmente na Califórnia.
Os vinhos produzidos com a rainha das tintas são altamente versáteis: os rótulos mais leves podem abrir sua reunião de amigos, combinando com aperitivos e antepastos. Já os mais encorpados podem acompanhar carnes mais gordurosas um suculento churrasco, ou massas com molhos vermelhos e mais picantes.
Entre as vinícolas chilenas de destaque, estão alguns nomes como De Martino, Siegel, Miguel Torres, Viu Manent, Família Geisse, Rayuela, Viña Los Boldos e Bestias Wines.
Espanha e Tempranillo
Originária do norte do país, a Tempranillo é a rainha das uvas espanholas. Seu nome vem da palavra temprano, que significa “cedo”. Isso porque ela amadurece rapidamente e tem um ciclo de crescimento mais curto do que outras uvas.
De fácil adaptação em climas quentes e secos, a casta cobre mais de 202 mil hectares do território espanhol, representando aproximadamente 80% dos vinhedos locais e cerca de 90% entre as uvas tintas.
Quanto ao nome, a Tempranillo costuma ter várias “identidades”. Isso porque, mesmo em território espanhol, a uva Tempranillo pode receber outros nomes como Araúja, Cencibel, Chincillana, Tinta del País, Tinta de Toro, entre outros, dependendo da região. E fora do país, o mesmo acontece. Em Portugal, por exemplo, a Tempranillo é conhecida como Tinta Roriz.
Em geral, vinhos feitos com a uva Tempranillo possuem acidez equilibrada e taninos elegantes. Mas diversas técnicas de envelhecimento em madeira acabam resultando em vinhos de maior complexidade e tanicidade.
Devido ao teor alcoólico mais alto, vinhos produzidos com Tempranillo são perfeitos para aquecer no inverno, acompanhando pratos quentes como carnes, massas condimentadas e ainda queijos levemente mais maturados como Emmental, Maasdam ou o queijo espanhol Manchego.
Procura um vinho Tempranillo legitimamente espanhol? Entre os rótulos selecionados para o inverno pelo Expert Dionísio Chaves estão os varietais +34, Edulis Rioja e o blend Viña San Juan.
França e o corte bordalês
A França é um dos países mais tradicionais quando o assunto é a vitivinicultura. Berço de inúmeros cultivares de uvas viníferas, o país se divide em diversas regiões produtoras, incluindo as de denominação de origem, como a famosa região de Champagne, cujos espumantes que levam o mesmo nome são tão admirados. Ou ainda a região de Provence, a capital dos vinhos rosés.
No entanto, quando o assunto são uvas famosas, a região de Bordeaux se destaque pelo trio de uvas responsável pelo corte bordalês (Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc), um dos blends mais reproduzidos pelas vinícolas em escala global. A mistura costuma ser muito utilizada pelos enólogos, que afirmam que o resultado final acaba sendo melhor do que a soma das partes, pois a Cabernet Sauvignon representa a estrutura e a Merlot suavidade.
Quer apreciar um corte bordalês selecionado pelo Expert Dionísio Chaves? A sugestão é o vinho Le Mounant Bordeaux, que vai bem com cordeiro, assados, filé com sauce Bernaise, queijos meia cura e pizzas.
Itália e Sangiovese
O país do Velho Mundo que abriga o maior número de uvas autóctones do planeta destaca-se pelos rótulos cheios de personalidade que representam suas regiões de origem, como Piemonte, Vêneto, Toscana, entre outros.
O país é divido em 20 regiões vinícolas principais e todas elas produzem vinhos DOC (denominação de origem controlada), que utilizam uvas autóctones e regras específicas de produção. Somados aos vinhos DOC estão os IGT, de indicação geográfica, que também seguem normas específicas e precisam ter 85% de uva regional na sua composição.
A Itália é a maior produtora de vinhos no mundo.
Fonte: OIV – International Organisation of Vine and Wine (Anuário 2023)
Algumas uvas que são reconhecidamente italianas estão a Nebbiolo, Nero d’Avola, com várias regiões de denominação de origem. Entretanto, nem todas as uvas costumam ser lembradas “de primeira”, o que certamente não é o caso da Sangiovese, típica da Toscana, famosa pela sua leveza e acidez. Harmonização com pizzas, massas e charcutaria, como o Guanciale italiano.
Para apreciar o sabor da Itália, experimente rótulos selecionados como Brunello Di Montalcino Agricoltori Geografico e os blends com a uva Canaiolo: Chianti Classico Geografico e Chianti Colli Senesi.
Portugal e Touriga Nacional
Portugal e vinhos: uma combinação que tem história. Berço do Velho Mundo da produção de vinhos, Portugal possui registros do cultivo de vinhas em seu território há mais de 2.000 anos a.C. e está entre os países com maior diversidade de uvas autóctones viníferas. São mais de 280 tipos de uvas cuja produção está atrelada a regiões específicas, assim como o tipo de vinho produzido.
Algumas criações são bem reconhecidas mundialmente, como os vinhos brancos de alto frescor da região de Vinho Verde, os icônicos vinhos do Porto e os vinhos Madeira, licorosos e fortificados e ainda blends bem interessantes com uvas cultivadas em regiões de denominação geográfica.
Entre as uvas bem portuguesas estão nomes como Antão Vaz, Arinto e Roupeiro entre as brancas. Já entre as tintas, destacam-se Aragonez, Trincadeira, Touriga Nacional, Castelão, entre outras. Mas se é para falar de um ícone, ela é a Touriga Nacional, rainha das tintas portuguesas.
A casta é famosa por ser uma das variedades utilizada na elaboração dos vinhos do Porto, mas também é usada para outros vinhos, devido à sua versatilidade.
Aproveite para experimentar um blend com Touriga Nacional, Shiraz/Syrah e Alicante Bouschet: o vinho Vinhas Velhas Porta da Ravessa, produzido pela Adega do Redondo. Encorpado, vai bem com carnes de caça, javali, bacalhau no forno, quiche de bacalhau Zona Sul, ensopado e queijos curados, como alguns artesanais brasileiros premiados.
Qualidade além do ranking
Não apenas os países que estão no topo do ranking da produção de vinhos são sinônimo de qualidade. Outros países são potências no assunto e têm se destacado na criação de rótulos premiados.
O Brasil é um desses exemplos e, de acordo com a OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho), ocupa o 6º lugar entre os produtores do hemisfério sul. Além do Brasil, países como a Austrália e seus vinhos Shiraz, África do Sul com os vinhos Pinotage, Argentina e os vinhos Malbec ou Uruguai e os Tannat, também fazem parte da lista de sucessos, entre outros.
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